A luxação acromioclavicular é uma lesão comum na prática esportiva. Ela ocorre em praticantes de ciclismo, judô e futebol principalmente. Os pacientes apresentam dor e inchaço na região superior do ombro. O tratamento pode ser clínico com tipoia e fisioterapia para os casos mais leves, entretanto, nos casos mais graves, como a luxação acromioclavicular grau 5, o tratamento deve ser cirúrgico.

O que é a luxação acromioclavicular?

É uma lesão que ocorre nos ligamentos entre a clavícula na sua porção mais lateral e o acrômioCom a luxação acromioclavicular ocorre a perda do contato normal entre as superfícies articulares destes dois ossos, que formam a articulação acromioclavicular.

Ocorre frequentemente em traumatismos quando o paciente cai sobre o ombro. Também é comum em esportes como judô, ciclismo e futebol.

Queda sobre o ombro, uma das causas mais frequentes de luxação acromioclavicular

Queda sobre o ombro, uma das causas mais frequentes de luxação acromioclavicular

A articulação entre a clavícula e o acrômio é estabilizada por dois conjuntos de ligamentos: um entre o acrômio e a clavícula e outro entre a clavícula e o processo coracoide.

Figura demonstrando a lesão dos ligamentos estabilizadores da articulação acromioclavicular

Figura demonstrando a lesão dos ligamentos estabilizadores da articulação acromioclavicular.

Quais são os sintomas e como é feito o diagnóstico?

Os sintomas são dor e edema na região mais lateral da clavícula. Dificuldade para elevar o ombro. Ao examinar o paciente, podemos notar a clavícula mais elevada e com mobilidade aumentada. Este aumento da mobilidade da clavícula é conhecido como sinal da tecla da luxação acromioclavicular.

A luxação acromioclavicular é facilmente diagnosticada por radiografias do ombro. Em casos mais leves, as radiografias podem ser normais, nestes casos a ressonância magnética pode confirmar o diagnóstico.

Ressonância magnética do ombro demonstrando ruptura dos ligamentos coracoclaviculares

Ressonância magnética do ombro demonstrando ruptura dos ligamentos coracoclaviculares.

Qual é a classificação da luxação acromioclavicular?

A luxação acromioclavicular pode ser classificada pelo grau de lesão dos ligamentos acromioclaviculares e coracoclaviculares e consequentemente pelo desvio da clavícula em relação ao acrômio.

  • Na luxação acromioclavicular tipo 1, o mais leve, temos apenas um estiramento dos ligamentos acromioclaviculares. Portanto, não há nenhum desvio da clavícula;
  • Na luxação acromioclavicular tipo 2, temos um rompimento dos ligamentos acromioclaviculares. Mas os ligamentos coracoclaviculares estão íntegros, também não ocorre nenhum desvio da clavícula;
  • Na luxação acromioclavicular tipo 3 ocorre ruptura dos ligamentos coracoclaviculares. Com isto, ocorre um desvio para cima da clavícula de 25 a 100% em relação ao lado normal;
  • Na luxação acromioclavicular tipo 4 ocorre lesão de todos ligamentos e da musculatura ao redor da clavícula e acrômio. Isto leva a um desvio maior da clavícula. No tipo 4, a clavícula desvia-se para trás.
  • Na luxação acromioclavicular tipo 5,  onde os músculos e ligamentos estão lesados. O desvio superior da clavícula é de mais de 100% em relação ao lado contralateral.

 

 Radiografia demonstrando luxação acromioclavicular tipo 5 com desvio superior a 100%

Radiografia demonstrando luxação acromioclavicular tipo 5 com desvio superior a 100%

Como tratar a luxação acromioclavicular?

Os tipos 1 e 2 são sempre de tratamento não-cirúrgico. com uso de gelo, antiinflamatórios e tipoia por 7 a 14 dias. Posteriormente deve ser iniciado o tratamento fisioterápico para recuperação da movimentação e força do ombro.

“O tratamento da luxação acromioclavicular tipo 3 é assunto controverso entre os especialistas de ombro.”

Atualmente, as evidências científicas apontam para um tratamento inicial sem cirurgia na grande maioria dos pacientes. Após 2 a 3 semanas, são testadas a estabilidade da articulação acromioclavicular, a dor do paciente e a mobilidade do ombro. Se tudo estiver indo bem, o tratamento continua sem cirurgia. Caso contrário, pode ser indicado o tratamento cirúrgico.

Para as lesões do tipo 4 ou 5, o tratamento deve ser cirúrgico. Pacientes com poucos sintomas, sedentários ou idosos podem ser tratados também sem cirurgia eventualmente.

tipoia para luxação acromioclavicular tipo 1 e 2

A tipoia é o tratamento para a luxação acromioclavicular tipo 1 e 2

Como é a cirurgia?

O tratamento cirúrgico pode ser feito pelo método aberto ou artroscópico, existem múltiplas técnicas e dispositivos para redução e estabilização da clavícula.

Entretanto o mais importante é que nas lesões com menos de 4 semanas, apenas a redução e estabilização da clavícula são suficientes para cicatrização dos ligamentos na sua posição original. Para estabilização da clavícula podem ser utilizados fios ou fitas de alta resistência, endobutton ou âncoras.

Nas lesões com mais de 4 semanas é necessário o uso de algum reforço biológico. Esse reforço pode ser um ligamento do próprio ombro (cirurgia de Weaver-Dunn) ou um tendão do joelho semelhante às cirurgias de reconstrução do ligamento cruzado.
 Após o tratamento cirúrgico o paciente deve usar a tipoia por 6 semanas. Após as 6 semanas, o paciente inicia o tratamento fisioterápico. São iniciados exercícios para restabelecimento da mobilidade do ombro. Posteriormente, são realizados exercícios para fortalecimento dos músculos do ombro.
Tratamento da luxação acromioclavicular

Tratamento da luxação acromioclavicular

Vídeo

228 respostas
« Older CommentsNewer Comments »
  1. Edgar says:

    Olá, tenho uma LAC grau III e as vezes meu ombro “sai do lugar” dependendo do movimento que eu fizer me causando uma dor horrível.

    Gostaria de saber porque meu ombro sai do lugar dessa forma e se é necessário a cirurgia?

    Não entendi mto bem tbm essa questão, os ligamentos rompidos se reconstituem novamente com a cirurgia? E sem a cirurgia?

    Pra mim creio que não se reconstituiram, pois minha clavícula está bem visível e meu ombro bem “solto”, até sai do lugar as vezes como comentei acima.

    Obrigado.

    Responder
  2. Guilherme says:

    Boa noite dr, tive uma luxação grau 5, estou esperando a cirurgia, minha pergunta é se vou poder voltar fazer todos meus exercícios diários como antes? Sou militar e estou com certo receio?

    Responder
  3. Willamis says:

    Dr. A 2 semanas a atrás. Tive uma luxação no ombro fui no hospital e o médico mim deu 10 dias com a tipóia mais ainda não tou 100% voltei a trabalhar a ainda sinto dor ao fazer movimentos, qual a tempo certo de uma recuperação de uma luxação de ombro?, essa foi a segunda vez que saiu do lugar.., to fazendo fisioterapia.. oq devo fazer Dr????

    Responder
  4. Helias B. Almeida says:

    Tive uma luxação de grau 1, passei pelo tratamento de acordo com o médico, a dor nunca passou, faço musculação e sempre doeu, a força eu não perdi, é normal ficar doendo qnd faço exercício para o ombro?

    Responder
  5. Asly Lopes says:

    Dr. Jorge Assunção, em dia 13 de maio de 2019 sofri um acidente de moto ocasionando a luxação no ombro direito, dois dias depois passei por cirurgia no ombro, o médico me receitou a fisioterapia por 20 sessóes, mas meu ombro ficou alto, um osso mais alto, o médico disse que ficou 2 milímetros de altura, mas parece ser 1 centímetro, o senhor acha que devo fazer nova cirurgia para reparar o defeito, o que devo fazer pois gosto de usar blusas com alça e não estou satisfeita com o defeito.

    Responder
  6. Jose Fernandes says:

    Boa noite Dr.,

    Fiz uma LAC IV, fui operado através de Artroscopia com o sistema de TightRope.

    Fiz isso treinando projecção de Judo, pratico Krav Maga e fui aconselhado pelo medico que me operou a não voltar a fazer projecções e tudo o que signifique embates com a zona do ombro.

    As minhas questões já que isto sucede em varios desportos, quando praticante de Jiu Jitsu, Judo etc têm esta lesão eles podem e conseguem voltar a competir ou existe um risco elevado de voltarmos a ter a mesma lesão?

    Além disso no Krav Maga temos amortecimentos de queda em pé para a frente e para trás, chamados no nome original de Blimot

    A minha questão neste aspecto é se podemos ou devemos evitar fazer este tipo de exercícios

    Outra questão é se podemos reforçar a zona do ombro, com exercícios específicos, se sim se o Drº pode indicar que género de exercícios podemos fazer para ganhar flexibilidade e fortalecer a zona

    Obrigado e Cumprimentos
    Jose

    Responder
  7. Mauricio says:

    Dr.Jorge,

    Obrigado pelo artigo. Sofri uma queda a 3 semanas e fui diagnosticado com LAC, meu médico (moro no Canadá) é um clínico geral e não sabe se é tipo I e II, estou usando tipóia e iniciarei fisioterapia. Tenho 44 anos e sou coach de Tenis, e minha preocupação são duas: voltarei a jogar 100% como antes? E daqui quanto tempo?

    Obrigado mais uma vez.

    Responder
  8. Elder Guimarães says:

    Boa noite Dr. Jorge tudo bem? Dr. estou com estes problemas nos ombros e Graças à Deus não tenho sentido dores, eu gostaria que o Sr. se pudesse me oriente o que fazer por favor. Estou nesta situação já faz + ou – 1 ano.
    Por enquanto muito obrigado e um ótimo Fim de Semana para vc e sua Família.

    Atenciosamente,
    Elder

    Responder
  9. Gil says:

    Tive luxação acromioclavicular grau 3 já tem umas 4 semanas doutor optou por não fazer cirurgia eu trabalho de pedreiro será que vou trabalhar normalmente

    Responder
« Older CommentsNewer Comments »

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *