A Lesão SLAP é a lesão do ombro que ocorre no lábio superior da glenóide e acomete tanto o ombro quanto o tendão da cabeça longa do bíceps, normalmente devido a algum evento traumático ou a esforço repetitivo. Os pacientes referem-se que a essa dor no ombro sem uma localização específica, o que dificulta o diagnóstico.
Muito embora muitos acreditem que a o termo Slap, que traduzido seja algo como tapa ou bofetada, tenha relação com a lesão (uma alusão a movimentos de arranque), isso não procede.
O Nome SLAP é uma abreviação do termo em inglês para Superior Labrum Anterior to Posterior Lesion, em português Lesão do Lábio Superior de Anterior para Posterior.
O nome SLAP já consolida a informação da lesão, no entanto no Brasil é comum nos referirmos a esse problema como Lesão SLAP e não ao termo traduzido.
A Lesão SLAP é a lesão que ocorre no lábio superior da glenóide, ou seja o nome é dado pela região afetada.
Já a lesão de bankart por exemplo, afeta outra área, o lábio da glenóide na sua porção anterior.
Jorge Assunção, Especialista em Ombro e lesão Slap.
A superfície articular da escápula, a qual definimos como glenóide, articula com a cabeça do úmero formando a articulação do ombro.
O lábio glenoidal é uma estrutura que circunda a superfície articular da glenóide aumentando a área e a estabilidade do ombro, evitando que ele luxe com a movimentação. Comumente estas lesões podem acometer o tendão do bíceps ou ligamentos do ombro (ligamentos glenoumerais) que originam-se nesta região.
Estas lesões foram apenas descobertas em 1985 pelo Dr. Andrews e com o desenvolvimento das técnicas de artroscopia e melhora dos métodos diagnósticos como a ressonância magnética Dr. Snyder conseguiu definir em 4 tipos em 1990.
Essas lesões podem ter origem traumática durante uma atividade esportiva, queda ou outro acidente.
Também podem ser degenerativas por movimentos repetitivos com os ombros. É comum sua presença em atletas de esporte de arremesso (tênis, vôlei, atletismo) ou até mesmo nadadores, principalmente de longa distância e triatletlas que costumam treinar grandes distâncias regularmente com diversos treinos de tiros durante a semana.
Entretanto também a encontramos em pessoas comuns que executam atividades repetitivas com os ombros, muito embora estatisticamente seja em menor número.
Normalmente os pacientes tem dificuldade para explicar os sintomas, muitos não sabem se é uma dor ou incômodo dentro do ombro, ou seja, não conseguem delimitar um local específico. Mas de uma maneira geral, os sintomas mais comuns nos pacientes com lesão SLAP são:
Os pacientes com lesão SLAP referem-se que a dor no ombro que não tem uma localização específica, o que dificulta muito o diagnóstico. Em geral, o exame clínico do paciente pode ajudar, mas também não confirma o problema.
Outro aspecto relevante é que as lesões SLAP dificilmente são doenças isoladas nos ombros dos pacientes. Normalmente as encontramos associadas com outras doenças, entre elas podemos citar:
Em muitos casos, a presença de outras lesões nos pacientes, dificulta o diagnóstico da lesão SLAP, por isso uma consulta com o especialista é essencial para que os exames corretos sejm solicitados.
A ressonância magnética ou artroressonância (ressonância com contraste) são os exames que podem confirmar o diagnóstico. Os principais achados nestes exames são:
A lesão SLAP pode ser classificada pelo grau do destacamento do lábio glenoidal e do acometimento do tendão do bíceps, em outras palavras, pela tamanho da lesão e extensão em outras áreas. Segundo a classificação de Snyder temos os seguintes tipos:
As lesões SLAP não são todas tratadas cirurgicamente. A maioria das lesões são degenerativas, onde existe apenas uma leve alteração no lábio superior da glenóide. Para estes pacientes o tratamento fisioterápico está indicado.
A maioria das lesões SLAP são tratadas com reabilitação fisioterápica.
Os objetivos da reabilitação são alongamento da cápsula posterior do ombro que eventualmente está pouco alongada e fortalecimento da musculatura ao redor da escápula, bem como dos rotadores externos e internos dos ombros.
Atualmente, mesmo em pacientes jovens e atletas com lesões onde há destacamento do lábio, a reabilitação fisioterápica é o tratamento inicial, pois pode ser o suficiente para eliminar a dor do paciente e permitir a prática esportiva normal sem necessidade de um longo período de reabilitação.
Uma publicação científica recente demonstrou que mesmo em atletas de alto rendimento, o tratamento não cirúrgico da lesão SLAP é efetivo em 70% dos casos.
Mas de uma maneira geral, temos que as lesões Slap tipo 1 e 2 são tratadas com fisioterapia, enquanto a tipo 3 e 4 com cirurgia. No entanto é essencial conversar com seu médico pois já vi diversos casos de lesões 3 e 4 (mais graves) onde o tratamento tradicional resolveu o problema, inclusive com atletas de alto nível.
Habitualmente os alongamentos mais importantes são os alongamentos para o músculo peitoral menor e para a cápsula posterior dos ombros.
Também são recomendados exercícios para o fortalecimento dos músculos rombóides, trapézio e deltóide posterior com os seguintes exercícios:
Devem ser efetuados o fortalecimento do músculo serrátil anterior com os seguintes exercícios:
Os exercícios para fortalecimento do ombro também são muito importantes e o seu fisiterapeuta vai avaliar como proceder, seja com uma elevação frontal ou lateral com halteres.
O fortalecimento dos rotadores externos e internos do ombro também é muito importante e deve estar presente nos processos de reabilitação.
Sempre lembrando que não se deve simplesmente fazer os exercícios, um profissional de fisioterapia é essencial para identificar o momento certo de aplicação de cada um e monitorar os movimentos corretos.
A minoria dos pacientes precisa de tratamento cirúrgico. Ele está indicado apenas quando não há melhora com a reabilitação fisioterápica. Existem 02 tipos de cirurgia:
No reparo da lesão SLAP, o lábio é reinserido na porção superior da glenoide com auxílio de âncoras.
Na tenodese, o bíceps é cortado de seu local original e reinserido no úmero com auxílio de âncoras ou parafusos. Ambas técnicas são feitas por artroscopia.
Após a cirurgia o paciente deve ficar imobilizado com uma tipoia por 1 mês, exercícios para ganho de amplitude da movimentação são iniciados logo após este período.
O fortalecimento é prescrito após 2 a 3 meses da cirurgia e o retorno ao esporte de 5 a 6 meses.
As principais complicações do tratamento cirúrgico são dor residual, perda da força do arremesso e rigidez.
Algumas lesões SLAP podem favorecer a formação de cistos ao redor da articulação do ombro, chamados cistos paralabrais ou paralabiais. Este cisto é benigno e formado pelo acúmulo de líquido articular que escapa da articulação pela lesão SLAP.
A maioria dos cistos são assintomáticos e não necessitam ser tratados, mas alguns quando grandes podem comprimir algum nervo e levar a dor e diminuição da força. Quando existe esta compressão deve ser indicado o tratamento cirúrgico.
lábio superior da glenóide e acomete tanto o ombro quanto o tendão da cabeça longa do bíceps
O Nome SLAP é uma abreviação do termo em inglês para Superior Labrum Anterior to Posterior Lesion, em português Lesão do Lábio Superior de Anterior para Posterior.
Essas lesões podem ter origem traumática durante uma atividade esportiva (queda ou outro acidente) ou serem degenerativas por movimentos repetitivos com os ombros.
Jogadores de tênis e vôlei, esportistas de atletismo com arremesso e nadadores.
dor ao elevar o braço acima da cabeça; dor ao deitar-se sobre o ombro, principalmente durante o sono; estalidos, crepitações ou rangidos ao movimentar o ombro; dor ao tentar colocar o braço atrás da linha do tronco ou da cabeça; sensação de instabilidade no ombro; perda de força súbita no ombro ou sensação de “braço morto”;
diminuição da performance esportiva; alterações do gesto esportivo.
Exame clínico com um médico ortopedista, ressonância magnética ou artroressonância.
Do tipo 1 ao 4 onde tipo I : ocorre apenas um leve alteração degenerativa do lábio superior da glenóide, muitas vezes não precisa de tratamento e está associada a outras doenças do ombro, como a rotura do manguito rotador;
tipo II: é um destacamento ou desinserção do lábio glenoidal na sua porção superior, juntamente com o bíceps;
tipo III: é um rotura do lábio glenoidal na sua porção superior, o fragmento do lábio rompido fica deslocado para dentro da articulação. Está lesão também é chamada de “lesão em alça de balde”;
tipo IV: a rotura do lábio da glenóide também acomete o tendão do bíceps.
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Doutor, boa noite!
Seria possível um cisto paralabral causar desconforto na região entre as escápulas, como rigidez e formigamento?
Alonso, depende do tamanho do cisto paralabral. Estes sintomas também podem ser ser problemas na coluna cervical
Olá Dr , quem tem lesão slap pode / deve praticar crossfit?
Luciana,
Sim, pode com algumas orientações e restrições. Busque ajuda especializada para orientações.
Dr. Tenho dores no ombro esquerdo a anos, porém nunca fui atrás saber, por falta de tempo e trabalhar em uma montadora de veículos. Porem fui afastado por ser do grupo de risco (diabético) e resolvi procurar um especialista em ombros, o mesmo me pediu uma ressonância magnética dos ombros, e apareceu Lesão Slap tipo III, e perguntou se faço algum tipo de esporte, eu disse que não, por falta de tempo.
Minha dúvida é: trabalho a 19 anos sem tempo para esportes, esse tipo de lesão ocorre com pessoas que praticam esportes ou pessoas que trabalham em empresas com movimentos pesados e repetitivos tbm sofrem com isso?
Stanei
Esta lesão pode ocorrer sim em pessoas que fazem movimentos repetitivos e com carga.
Ola dr eu já fiz a fisioterapia 12 cesao mais nao melhorou continuo saindo vai se cosa de cirurgia?
Paulo, 12 sessões é um número pequeno e depende da qualidade das sessões. Procure um bom serviço de fisioterapia e bom médico
Ola Boa tarde vc sabe quanto fica um cirurgia?
Ola dr Jorge tudo bem? Tenho 17 anos e em outubro do ano passado passei por uma cirurgia referente a lesao slap, tudo corria bem e ja nao sentia nada,entretanto, de uns meses pra ca sem razão aparente voltei a sentir dores e um rangido similar a uma porta enferrujada apareceu em meu ombro, isso é normal?
Boa tarde! Melhor vc consultar novamente seu médico ou procurar um especialista de ombro e cotovelo
Boa tarde Dr.
Fiz ressonância magnética e fui diagnosticado por lesão slap por uma queda que sofri final de 2022, porém com o passar do tempo e por ter sido negligente no início, as dores aumentaram e tive que parar com a musculação. Fiz 20 sessões de fisioterapia e dor estava melhorando e os movimentos ficando mais amplos, porém, decidi fazer um treino de musculação para ver como o ombro iria reagir e senti muita dor no dia seguinte e a dor persiste. Quantas sessões, no mínimo, acha aconselhável antes de partir para um procedimento cirúrgico? Em caso de cirurgia, é possível voltar a praticar musculação como antes? Fica alguma limitação devido a cirurgia? Obrigado.
Bom dia! Seria adequado agendar uma consulta com um especialista de ombro
Nossa, que explicação incrível! Muito legal ler sobre esse assunto com ilustrações em imagem e vídeo! Como leiga, paciente e amante da anatomia, achei sensacional. Não conheço este médico, mas acredito que seja ótimo! Parabéns pelo texto!
Muito obrigado
Uma dúvida: (vou consultar o ortopedista novamente em breve elevar a RM que fiz, mas gostaria de ter mais de uma fonte de informação) Dr, na sua experiência, existem movimentos contraindicados para quem tem estes tipos de lesão, durante o tratamento fisioterápico?
Giulia, tem alguns exercicios na musculação que devem ser evitados sim, como desenvolvimento, pull over, entre outros.
Consulte um especialista de ombro.
Olá Dr. Boa Noite!
Fui diagnosticado com slap e ruptura parcial da cabeça longa só biceps.
De acordo com o médico o tratamento seria cirúrgico com atenodese como procedimento.
Jogo vôlei, gostaria de saber se após a cirurgia a dor ao atacar a bola some e se consigo manter a mesma força?
Obrigado,
Gustavo
Gustavo, a tenodese do bíceps é um das opções de tratamento para lesões descritas acima. O retorno ao esporte pode ocorrer em 70 a 80% dos casos.
Priscila, boa noite! Provavelmente o SLAP é o tipo II.
Att,