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Luxação no Ombro: O que é, Sintomas,Tratamentos e Cirurgia

A Luxação no ombro  também conhecida como ombro deslocado, acontece mais frequentemente em indivíduos jovens e praticantes de atividade física. Deve ser tratada de forma adequada, para evitar sequelas e recidivas e possui múltiplas modalidades de tratamento.

O tratamento da luxação no ombro deve ser individualizado para cada paciente. Os fatores relevantes pata a tomada de decisão do ortopedista são: o número de luxações, a idade do paciente, a frouxidão de ligamentar e a presença de lesões ligamentares e ósseas.  

O que é a Luxação no Ombro?

A Luxação de ombro é a perda de contato entre os dois ossos que compõem esta articulação: a cabeça do úmero e a superfície articular da escápula (glenóide). As luxações podem ocorrer de dois modos:

  • por trauma como acidentes, quedas ou lesões no esporte;
  • também pode luxar sem motivo aparente, por frouxidão nos ligamentos do ombro (atraumática).
Luxação no ombro

Quais as lesões que ocorrem na luxação no ombro?

Quando o ombro luxa, frequentemente ocorrem lesões nas estruturas ligamentares responsáveis pela estabilidade da articulação. Estas estruturas são a cápsula articular, o lábio ou labrum da glenóide e os ligamentos glenoumerais.

A luxação mais comum é a anterior, isto é, a cabeça do úmero desloca-se para frente em relação a escápula. Neste tipo de luxação encontramos frequentemente a lesão do lábio anterior da glenóide (lesão de Bankart).

Lesão de Bankart

Outro problema comum na luxação de ombro é a lesão de Hill-Sachs, uma fratura com afundamento da cabeça do úmero. Ela ocorre pois a cabeça do úmero colide com a borda anterior da glenoide. Esta colisão causa o esmagamento da cabeça do úmero, pois é um osso mais frágil que o osso da glenoide.

Lesão de Hill-Sachs

Em pacientes acima de 40 anos, além das lesões ligamentares, a luxação pode levar a lesões do manguito rotador.

Lesão do Maguito Rotator

Quais as complicações mais comuns da luxação no ombro?

A principal complicação é a cicatrização inadequada das estruturas ligamentares que pode levar a luxação recidivante do ombro., ou seja, os deslocamentos podem ocorrer com maior facilidade.

Em alguns pacientes podem ocorrer luxações dormindo ou em atividades banais do cotidiano.

Episódios múltiplos de luxação do ombro aumentam o tamanho da lesão de Hill-Sachs e podem ocasionar fratura ou desgaste da região anterior da glenóide, agravando a instabilidade e aumentando a probabilidade de novas luxações.

Em pacientes maiores que 40 anos, a luxação pode provocar lesão dos tendões do manguito rotador.

Luxações recorrentes podem ocasionar desgaste da cartilagem da cabeça do úmero e da glenoide causando artrose.

A: ombro normal B: ombro com desgaste da região anterior da glenóide (Bankart ósseo)

Qual o tratamento imediato após a luxação no ombro?

Após o ombro deslocar ou sair do lugar, o tratamento imediato é reduzi-lo, isto é, recolocá-lo na sua posição original, restabelecendo o contato articular entre a cabeça do úmero e a glenoide. Isto também é conhecido como redução do ombro.

Isso deve ser feito por um médico e em ambiente hospitalar após avaliação clínica e realização de radiografias.

Colocar o ombro em seu lugar após luxação

Primeira luxação no ombro, como tratar?

Após a redução, o paciente deve ser imobilizado com uma tipoia. O tempo de imobilização depende da idade do paciente, pode ser de 2 a 4 semanas imobilizado.

Quanto mais jovem o paciente, maior o tempo de imobilização.

Após este período, o paciente inicia o tratamento fisioterápico para restabelecimento da mobilidade articular e fortalecimento dos músculos do manguito rotador e estabilizadores da escápula.

Alguns artigos científicos recentes têm demonstrado que pacientes com idade inferior a 30 anos podem ter benefício se tratados cirurgicamente após o primeiro episódio de luxação, especialmente se do sexo masculino e praticante de esportes que utilizam os membros superiores. Neste grupo de pacientes, a recidiva dos episódios de luxação do ombro é de 50% sem o tratamento cirúrgico.

Após colocar o ombro no lugar recomenda-se 2 a 4 semanas de imobilização

Qual o tempo de recuperação após a luxação no ombro?

Como foi dito anteriormente o paciente fica em torno de 2 a 4 semanas imobilizado com uma tipóia, posteriormente é iniciado o tratamento fisioterápico. A recuperação completa é em torno de 8 a 16 semanas.

O que é luxação recidivante no ombro?

A luxação recidivante do ombro é quando o paciente luxou o mesmo ombro duas ou mais vezes. Quanto maior o número de luxações prévias do paciente teve, geralmente, o tratamento é mais difícil. Por isso é importante o tratamento precoce deste problema.

Segundo informações do Hospital Albert Einstein:

Após o primeiro episódio, os tecidos deveriam cicatrizar em uma posição normal para que o paciente não sofresse novos deslocamentos mas infelizmente, essa cicatrização não ocorre na maioria dos casos e, quando ocorre, os tecidos cicatrizam em uma posição anormal. Se não ocorrer a cicatrização correta, o ombro poderá luxar novamente, gerando a chamada luxação recidivante ou instabilidade glenoumeral.

Ou seja, após a primeira luxação existe maior risco de uma nova luxação no mesmo local, maior do que um ombro que nunca ocorreu.

Quais os exames devem ser realizados para a luxação no ombro?

Na luxação aguda, a radiografia é o exame que deve ser utilizado para confirmar o diagnóstico, excluir fraturas associadas e verificar se o ombro foi reduzido adequadamente.

Para pacientes com luxação recidivante no ombro, solicitamos a ressonância magnética.  Este exame pode diagnosticar as lesões ligamentares do ombro, a lesão de Hill-Sachs e verificar a presença de outras alterações como lesões tipo SLAP e lesões do manguito rotador.

Quando é indicado o tratamento não-cirúrgico para a luxação no ombro recidivante?

Nos casos de luxação no ombro, o tratamento não-cirúrgico é indicado para os pacientes que apresentam frouxidão ligamentar sem lesão do lábio ou ligamentos, ou seja, nos casos atraumáticos.

A fisioterapia tem papel fundamental no tratamento da luxação no ombro.  O tratamento consiste no fortalecimento dos músculos do manguito rotador e estabilizadores da escápula. E evitando as posições do ombro no qual o paciente sente ele instável.

Exercícios para fortalecimento do ombro após luxação ou ombro deslocado

Quando é indicado o tratamento cirúrgico para a luxação recidivante no ombro?

O tratamento cirúrgico para luxação de ombro está indicado para todos os pacientes com 2 ou mais episódios de luxação do ombro e que possuam lesões ligamentares.

Como é a cirurgia para a luxação no ombro?

A cirurgia geralmente é realizada por artroscopia. Nesta técnica minimamente invasiva, fazemos a cirurgia através de 3 incisões de 1 cm.  São reinseridos os ligamentos lesados junto ao osso, através de pequenos parafusos de 3mm que tem fios de sutura na sua ponta, chamados de âncoras.

Os ligamentos reinseridos no seu local adequado, retensionam a capsula articular, restabelecendo os mecanismos estabilizadores do ombro perdidos durante a luxação.

A cirurgia costuma ter alto índice de sucesso, 90-95% dos pacientes não apresentam novas luxações. Para saber mais sobre a cirurgia para luxação no ombro, consulte o artigo cirurgia para luxação do ombro.

No vídeo abaixo é possível visualizar uma cirurgia da luxação do ombro em que realizei o procedimento  como descrito acima.

Em pacientes com grande desgaste ósseo pelas múltiplas luxações (lesões ósseas maiores que 20% da superfície articular da glenoide), o reparo isolado dos ligamentos não é suficiente para restabelecer a estabilidade do ombro.

Nesses casos a cirurgia indicada é a de Latarjet.  Nesta cirurgia usamos enxerto ósseo. Este enxerto é retirado de um osso chamado coracoide próximo da articulação do ombro e fixado com parafusos na borda do defeito ósseo. Aumentado a superfície óssea e estabilizando o ombro de modo adequado.

Cirurgia de Latarjet

Fiz a cirurgia para luxação do ombro e ele ainda sai do lugar

Existem várias causas para a falha da cirurgia, entre elas podemos destacar:

  • reparo isolado das lesões ligamentares em pacientes com defeitos ósseos grandes
  • não cicatrização dos ligamentos
  • falha na reabilitação.

Somente com uma avaliação clinica cuidadosa e exames de imagem pós-operatórios é possível identificar a causa e o tratamento possível para resolução do problema, por isso se esse for o caso não deixe de consultar um médico ortopedista especialista em ombro.

Como é a fisioterapia pós-operatória para luxação no ombro?

O paciente deve ficar imobilizado com uma tipoia por 1 mês para que o ligamento reinserido cicatrize adequadamente.

Após este período são iniciados os exercícios para restabelecimento da mobilidade articular. O fortalecimento muscular é iniciado com 2 a 3 meses de pós-operatório.

O paciente pode retornar para atividades esportivas sem restrições com 5 a 6 meses após o tratamento cirúrgico.

FAQ – Principais Perguntas Respondidas

O que é uma luxação no ombro?

A Luxação no ombro é a perda de contato entre os dois ossos que compõem esta articulação: a cabeça do úmero e a superfície articular da escápula (glenóide). As luxações podem ocorrer de dois modos: por trauma como acidentes, quedas ou lesões no esporte; também pode luxar sem motivo aparente, por frouxidão nos ligamentos do ombro (atraumática).

O que é luxação recidivante do ombro

A luxação recidivante do ombro é quando o paciente luxou o mesmo ombro duas ou mais vezes. Quanto maior o número de luxações prévias do paciente teve, geralmente, o tratamento é mais difícil. Por isso é importante o tratamento precoce deste problema.

O que é uma lesão de Bankart?

Quando o ombro luxa, frequentemente ocorrem lesões nas estruturas ligamentares responsáveis pela estabilidade da articulação. Estas estruturas são a cápsula articular, o lábio ou labrum da glenóide e os ligamentos glenoumerais. A luxação mais comum é a anterior, isto é, a cabeça do úmero desloca-se para frente em relação a escápula. Neste tipo de luxação encontramos frequentemente a lesão do lábio anterior da glenóide (lesão de Bankart).

O que é uma lesão de Hill-Sachs?

Um problema muito comum na luxação de ombro é a lesão de Hill-Sachs, uma fratura com afundamento da cabeça do úmero. Ela ocorre pois a cabeça do úmero colide com a borda anterior da glenoide. Esta colisão causa o esmagamento da cabeça do úmero, pois é um osso mais frágil que o osso da glenoide.

Como é o tratamento da luxação do ombro?

O tratamento cirúrgico para luxação de ombro está indicado para todos os pacientes com 2 ou mais episódios de luxação do ombro e que possuam lesões ligamentares.
Alguns artigos científicos recentes têm demonstrado que pacientes com idade inferior a 30 anos podem ter benefício se tratados cirurgicamente após o primeiro episódio de luxação, especialmente se do sexo masculino e praticante de esportes que utilizam os membros superiores. Neste grupo de pacientes, a recidiva dos episódios de luxação do ombro é de 50% sem o tratamento cirúrgico.

Leia mais sobre a Cirurgia para Luxação do ombro

Dr. Jorge Assunção

Dr. Jorge Assunção é Especialista em Ombro e Cotovelo, Médico do Grupo de Ombro e Cotovelo no IOT-HCFMUSP. Atua e é credenciado nos principais hospitais de São Paulo, incluindo os hospitais Albert Einstein, Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz e 9 de Julho.

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  • Dr. Meu irmão teve a primeira luxação há mais de 4 anos. Tem deficiência mental e, minha mãe, que também tem alguns laudos psiquiátricos, é curadora dele. Nunca permitiu nenhuma intervenção cirúrgica. Atualmente o ombro dele sai do lugar praticamente todos os dias. Resolvi que se minha mãe não permitir o tratamento, vou entrar com uma ação judicial. Já marquei ortopedista pra ele no dia 19/10. Minha pergunta é: o que pode acontecer se ele nunca fizer a cirurgia?

  • boa noite dr, o sr poderia me tirar uma duvida ?

    luxei o ombro faz 1 mes e esse e o resultado da RM. poderia me responder se preciso fazer a cirurgia ?

    RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DO OMBRO ESQUERDO 
    Método:
    Exame realizado com seqüências FSE em cortes multiplanares.
    Análise:
    Hipertrofia cápsulo articular acromioclavicular com edema do 
    trabeculado ósseo por provável sobrecarga. 
    Lesão de Hill Sachs e Bankart.
    Tendinopatia do supraespinhal caracterizada por espessamento e 
    alteração de sinal, sem roturas transfixantes. 
    Demais tendões do manguito rotador e cabo longo do bíceps com 
    morfologia e sinal habituais.
    Ventres musculares tróficos.
    Mínimo derrame articular.
    Cartilagens de revestimento glenoumerais sem particularidades.
    Feixes neurovasculares com trajeto e sinal habituais nos segmentos 
    acessíveis.
    Demais estruturas ósseas com morfologia e intensidade de sinal 
    habituais

    • Luiz, somente com o laudo do exame, não podemos dizer se a cirurgia é necessária. É preciso te examinar, etc.

  • Olá Dr, sei que o caso varia muito das condições do paciente e gravidade da lesão em geral, contanto gostaria de saber se após uma cirurgia (se necessária), fisioterapia e recuperação adequada em um caso de Lesão de Hill-Sachs na cabeça umeral sem lesão associada no lábio glenoide e um incipiente bursite subacromial-subdeltoide, em um paciente de 26 anos, é possível a volta de prática de exercícios que exigem bastante do ombro (crossfit e ginástica no geral). Obrigado.

  • Sofri a primeira luxação a uns 8 anos atrás quando tinha uns 15 ou 16 anos na academia malhando. A dor foi tão grande que parei de malhar, médico do SUS nem imobilizar num imobilizou. Agora com 22 anos fui praticar jiu jitsu, ombro parece um braço de boneca soltando, tô meio parado de treinar, ombro solta até dormindo. Sus não vai resolver isso direito, tenho medo de cirurgia. Pois pode piorar. O jeito é esperar parar ou piorar. Mesmo sendo o errado.

    • Pedro, acho que seu caso é cirurgico. Marque uma consulta com um especialista.

  • Dr. Jorge, após queda sofrida comecei a sentir dor incômoda no ombro direito. Na ressonância magnética o resultado foi o seguinte:

    Afundamento e irregularidade da cortical ossea posterolateral do terço superior da cabeça umeral,
    medindo cerca de 1,2 cm, com profundidade de 0,4 cm, compatível com lesao de Hill Sachs, com edema na medular ossea subjacente. Em associaçao, ha destacamento do labio da glenoide em seu anteroinferior com ruptura periosteal e estiramento com ruptura parcial da banda anterior do ligmento glenoumeral inferior, compatível com Bankart .

    É caso de cirurgia?

    • Lanusia, bom dia! Somente com o exame de imagem não conseguimos definir se o seu caso é cirugico. Precisamos te examinar, testar a estabilidade do seu ombro, entender melhor como ocorreu sua lesão. Sugiro procurar um especialista de ombro e cotovelo. Mas existe a possibilidade de ser cirurgico sim.

  • Boa tarde Dr.Jorge, há um mês tive a lesão de bankart, juntamente com Hill sachs, e estiramento do ligamentos glenoumerais. Fiz a redução, imobilização e após um mês comecei com a fisioterapia, porém o ombro apesar de estar voltando a sua amplitude gradativamente, está visivelmente muito diferente do outro ombro. Como se o ombro estivesse reto ou achatado. É normal?

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Publicado por
Dr. Jorge Assunção

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