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Retardo de Consolidação Óssea – O que é, diagnóstico e tratamentos

Quando um osso do nosso corpo sofre uma fratura ou “quebra”, é preciso que seja feito um tratamento adequado para que o mesmo se recupere ou consolide, no entanto nem sempre a recuperação ocorre como esperado.  Quando consolidação de uma fratura demora mais tempo do que o normal chamamos de Retardo de Consolidação Óssea.

Os ossos podem ser fraturados ou “quebrados” quando há um traumatismo no local que faz com que ele perca sua continuidade, ocorrendo uma ruptura em sua estrutura. O processo de cicatrização óssea passa por três estágios: inflamação, produção óssea e remodelação óssea.

  • A Inflamação começa imediatamente após o osso ser fraturado e dura vários dias. Quando ocorre a fratura de um osso, a região apresenta um sangramento, levando à inflamação e coagulação do sangue no local onde ocorreu a fratura. Isso fornece a estabilidade estrutural inicial e a estrutura para a produção de um novo osso.
  • A produção óssea começa quando o sangue coagulado, formado pela inflamação, passa a ser substituído por tecido fibroso e cartilagem (conhecido como calo mole). À medida em que a cicatrização progride, o calo mole é substituído por osso duro (também conhecido como calo duro), que já é visível nas radiografias semanas após a fratura.
  • E por fim ocorre a remodelação óssea, a fase final da consolidação óssea, que pode durar vários meses. Na remodelação, o osso continua a se formar e se torna compacto, retornando à sua forma original. É também nesse momento que a circulação sanguínea na região melhora. Uma vez que a cicatrização óssea tenha ocorrido, atividades que promovem o suporte de peso (como ficar de pé ou andar) estimulam a remodelação óssea. ​

Quanto tempo o osso leva para se recuperar de uma fratura?

Geralmente o osso leva cerca de 12 semanas para se curar em nível significativo. No caso de crianças, geralmente o processo de cicatrização é um pouco mais rápido.

Para que a recuperação ocorra de forma adequada, é importante seguir as recomendações do médico antes de começar a carregar peso ou praticar exercícios físicos. Esse tempo dependerá da localização e gravidade da fratura, do tipo de procedimento cirúrgico realizado para a recuperação e de outras considerações.

osso leva cerca de 12 semanas para se curar em nível significativo mas em alguns casos pode levar vários meses

Mas o que é o retardo de consolidação óssea?

Em alguns casos, a recuperação do osso pode demorar mais do que o normal. Essa condição é conhecida como retardo de consolidação óssea.

Como explicamos anteriormente, o processo de cicatrização da fratura é influenciado por muitos fatores e passa por vários estágios (estágio da inflamação, formação de calo mole, formação de calo duro e estágio de remodelação) levando gradualmente à regeneração óssea normal.

A cicatrização depende não só da quantidade de trauma sofrida pelo osso, mas também da quantidade de tecidos adjacentes. Um papel fundamental é desempenhado pela revascularização, que fornece suprimento de sangue e restaura a circulação adequada.

recuperação do osso pode demorar mais do que o normal. Essa condição é conhecida como retardo de consolidação óssea

O tempo de cicatrização e consolidação da fratura dependem da gravidade da lesão inicial, do tipo de fratura, do método de tratamento e da saúde geral e idade do paciente. Quando ocorre atraso na consolidação, o processo de cicatrização se torna mais lento e impreciso. Quando isso ocorre, é preciso tomar algumas medidas para que haja a recuperação e problema não evolua para algo mais complicado.

Entre alguns sintomas subjetivos do retardo de consolidação óssea estão a persistência da dor e, por vezes, inchaço no local onde ocorreu a fratura. Esses sintomas geralmente se manifestam quando é feito algum esforço ou atividades funcionais.

Fatores que causam o retardo de consolidação óssea

Existem vários fatores que podem retardar o processo de recuperação de uma fratura. Entre eles estão:

  • Movimento dos fragmentos ósseos; levantamento de peso excessivo antes da recuperação
  • Alguns medicamentos, como corticosteroides e outros imunossupressores
  • Fraturas graves, complicadas ou com algum tipo de infecção
  • Idade avançada
  • Má nutrição ou metabolismo prejudicado
  • Baixos níveis de cálcio e vitamina D
  • Doenças e condições sistêmicas, praticamente todas as doenças e condições que prejudicam a microcirculação (por exemplo, diabetes, idade avançada, tabagismo, problemas de saúde ou desnutrição) ou metabolismo ósseo (osteoporose, corticoterapia, doença óssea metabólica, insuficiência renal, câncer, abuso de álcool).
  • Tipo e localização da fratura: fragmentada (o osso é quebrado em várias partes) e fraturas deslocadas, fraturas com danos nos tecidos moles circundantes, fraturas em que as extremidades ósseas estão separadas ou móveis, comprometimento ou perda de suprimento de sangue em ossos quebrados, interposição de tecidos moles (periósteo, músculos) entre as extremidades ósseas e infecções.

Todos esses fatores podem determinar um processo de cicatrização lento e impreciso do osso quebrado.

Problemas com a cicatrização de fraturas nem sempre podem ser completamente prevenidos, porque a maioria dos atrasos de consolidação depende da gravidade da fratura. É essencial, portanto, garantir a estabilização adequada dos fragmentos ósseos e o melhor realinhamento possível (muitas vezes obtido apenas com cirurgia). Devemos também prevenir a infecção (alto risco em fraturas expostas) e controlar doenças sistêmicas possivelmente associadas.

Sempre que possível, é recomendável promover a função muscular ativa com exercícios específicos indicados pelo médico ortopedista.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito por testes clínicos e radiográficos. Do ponto de vista clínico, é importante fazer uma avaliação da persistência de dor no local da fratura, particularmente sob movimentação do membro.

Para diagnosticar um retardo de consolidação óssea, o médico faz análises de imagem que fornecem visões detalhadas do osso e dos tecidos moles adjacentes. Dependendo de qual osso está fraturado, esses testes podem incluir raios-x, tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (MRI).

Os estudos de imagem permitem que o médico veja o osso quebrado com clareza e acompanhe o progresso de sua cicatrização.

Um retardo de consolidação óssea pode ser diagnosticado se o médico identificar um ou mais dos seguintes problemas:

  • Dor persistente no local da fratura
  • Uma lacuna persistente sem osso atravessando o local da fratura
  • Nenhum progresso na cicatrização óssea quando diversos exames são comparados ao longo de vários meses
  • Cura inadequada em um período de tempo que geralmente é suficiente para a cura normal

Se o médico diagnosticar um retardo de consolidação óssea, ele poderá solicitar exames de sangue para investigar a causa. Através destes exames ele irá descobrir se há alguma infecção ou outra condição médica que pode retardar a cicatrização óssea, como anemia ou diabetes.

Tratamento de retardo de consolidação óssea

Em caso de atraso na consolidação de uma fratura, os processos biológicos devem ser direcionados para a cicatrização, evitando assim uma possível evolução para uma pseudoartrose, situação no qual a consolidação de fato não ocorreu e deve ser tratada com cirurgia.

Além do tratamento médico, para uma boa recuperação da fratura é importante também seguir uma dieta balanceada com bastante legumes e verduras. Em caso de fratura de ossos longos, há um aumento imediato nas demandas metabólicas do corpo e, embora o indivíduo fique imobilizado, ele deve aumentar a sua ingestão total de calorias.

Para que haja reconstrução óssea é importante:

  • Aumentar a ingestão de proteínas, que irão reabastecer a matriz estrutural do osso.
  • Ingerir uma quantidade certa de minerais e vitaminas para ajudar o processo de cicatrização. Essas vitaminas e minerais devem ser não só cálcio e fósforo, mas também zinco, magnésio e vitaminas C, D, K e B6.
  • Não exagerar com açúcares simples e doces, pois eles levam à formação de tecido adiposo, mas não de ossos nem músculos.
  • O exercício é um estímulo importante para acelerar a cicatrização da fratura, porque a formação óssea é estimulada pela contração muscular adequada. Você ainda pode mover as partes do corpo não envolvidas na fratura e, às vezes, realizar exercícios musculares isométricos do segmento envolvido conforme indicação médica.

Tratamento Cirúrgico

Se os métodos não cirúrgicos não apresentarem resultados, o paciente precisará passar por uma cirurgia.

Opções cirúrgicas incluem enxerto ósseo ou substituto de enxerto ósseo, fixação interna e / ou fixação externa. Vamos falar com mais detalhes sobre cada uma delas a seguir:

Enxerto ósseo

Durante este procedimento, um osso de outra parte do corpo é colocado no local da fratura para “iniciar” o processo de cicatrização. Um enxerto ósseo fornece um suporte no qual um novo osso pode crescer. Os enxertos ósseos também fornecem células ósseas novas e as substâncias químicas naturais que o corpo necessita para a consolidação óssea.

Durante o procedimento, um cirurgião faz uma incisão e remove (colhe) pedaços de ossos de diferentes áreas do corpo do paciente. Estes são então transplantados para o local onde ocorreu a pseudoartrose.

A borda da pelve, também chamada de crista ilíaca, é geralmente a parte do corpo mais usada para a colheita de ossos. Embora a colheita do osso possa ser dolorosa, a quantidade de osso removido geralmente não causa problemas funcionais, estruturais ou cosméticos.

Aloenxerto

Um enxerto ósseo aloenxerto ou de um doador evita a colheita óssea do paciente e, portanto, diminui a dor envolvida no tratamento da pseudoartrose. Como um enxerto ósseo tradicional, ele fornece estrutura para que o osso do paciente se cure através da área da pseudoartrose. Com o passar do tempo, o osso do paciente se recupera e passa a substituir o osso do enxerto.

Embora exista um risco teórico de infecção, o enxerto ósseo do aloenxerto é processado e esterilizado para minimizar esse risco.

Substitutos do enxerto ósseo ou osteobiologicos

Assim como os aloenxertos, os substitutos do enxerto ósseo evitam o procedimento de coleta óssea e a dor causada pelo processo. Embora os substitutos do enxerto ósseo não forneçam as células ósseas novas necessárias para a cicatrização normal, eles oferecem os produtos químicos necessários para o crescimento.

Dependendo do tipo de pseudoartrose, qualquer um dos materiais acima, ou uma combinação de materiais, pode ser usado para corrigir o problema.

Enxertos ósseos (ou substitutos de enxertos ósseos) por si só não proporcionam estabilidade ao local da fratura. A menos que a pseudoartrose seja inerentemente estável, pode ser necessária a realização de mais procedimentos cirúrgicos (fixação interna ou externa) para que ocorra uma melhora na estabilidade.

Fixação Interna

A fixação interna é um procedimento que pode estabilizar uma pseudoartrose. O cirurgião coloca placas de metal e parafusos na parte externa do osso ou então coloca uma haste no canal interno do osso.

Se uma pseudoartrose ocorrer após a cirurgia de fixação interna, posteriormente outra cirurgia do mesmo tipo pode ser necessária para melhorar a estabilidade. Nesses casos, o cirurgião pode usar um dispositivo mais rígido, como uma haste maior ou uma placa mais longa. A fixação interna pode ser combinada com enxerto ósseo para ajudar na estabilidade e estimular a cicatrização.

Fixação Externa

A fixação externa também pode estabilizar o osso lesionado. Nessa cirurgia, o cirurgião coloca uma armação rígida na parte externa do braço ou perna lesionada.

A fixação externa pode ser usada para aumentar a estabilidade no local da fratura se a instabilidade foi o que ajudou a causar a pseudoartrose. A fixação externa também é uma boa opção de tratamento de pseudoartrose em pacientes que também tenham perda ou infecção óssea.

Conclusão

Ao sofrer uma fratura, é muito importante acompanhar a sua recuperação para que o problema não acabe se agravando. Nos casos em que for necessário fazer tratamento para o retardo de consolidação óssea, siga as recomendações do médico para que não ocorra nenhum tipo de complicação. Dessa forma a resolução do problema será mais rápida e logo você poderá retornar às suas atividades normais.

Dr. Jorge Assunção

Dr. Jorge Assunção é Especialista em Ombro e Cotovelo, Médico do Grupo de Ombro e Cotovelo no IOT-HCFMUSP. Atua e é credenciado nos principais hospitais de São Paulo, incluindo os hospitais Albert Einstein, Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz e 9 de Julho.

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